ego-post
não me considero, de forma alguma, alguém que encaixe no grupo de pessoas a que tradicionalmente se designa como "indie" ou "alternativo". por várias razões, desde a não gostar de pertencer a coisa nenhuma, às seguintes, que dou como exemplo:
. confesso que fiz download do viva la vida dos coldplay e até o ouvi umas duas vezes.
. cantarolo com frequência músicas dos death cab for cutie, daquelas mesmo meladas.
. o último livro que comprei foi o novo do paul auster. gosto do tipo. mesmo vendendo milhões.a quantidade de leitores (ou ouvintes, no caso da música), nunca influenciou os meus gostos pessoais. (mas detesto paulo coelho - deviam-lhe cortar as mãos para nunca mais poder escrever)
. passo completamente despercebido em matéria de vestuário.
. sou gajo, assim, modos que, até se casa. não tenho a mania de seguir um "estilo de vida alternativo".
. tiro fotografias parolinhas ao pôr do sol e ao mar.
. cinema japonês e coreano deixam-me sempre de pé atrás. ainda gosto de algumas coisas hollywoodescas.
. tenho preferência por locais de praia e solarengos para os períodos de férias prolongados.
. tenho empregos normaizinhos, nada glamourosos (aliás, de caca, mesmo. talvez por isso mude de emprego como quem muda de camisola)
em suma, banal e normal, sem pretensões a mais que isso.
mas
não compreendo o óbvio. não entendo como milhares e milhões, com a possibilidade quase divina do "western life style", com regalias culturais, financeiras, sociais, não desejam, não ambicionam, não procuram para lá do óbvio.
lamento, mas não consigo perceber uma vida que não gosta de segundos sentidos, de conceitos estéticos, não vê as metáforas, não quer arranjos nem pós-produções, não vê imagens inesperadas, não ouve o dissonante, não vê, não ouve, não se delicia.
à minha volta só vejo vidas rfm, rosas vermelhas em fundos preto e branco, o kitch e o näif em todas as caras, como resultado da não procura mas da recusa de saber e conhecer.
cresço sem crescer.
não sei nada e não conheço nada. e a infelicidade inunda-me os ossos por causa disso.
(a ignorância é uma benção).
stravinsky_, "a sagração da primavera"
[ 13 ]
e a arte não traz riqueza material!:)
...
idem aspas aspas.
A ignorância pode ser uma tremenda benção. A lucidez, um passaporte para a infelicidade. E, de súbito, lembro-me do Ensaio sobre a Cegueira.
... ganda post pah !
ambicionar o infinito e mais aléeeeeeeem :)
que post tão bonito!! (eu só tirava a parte de ouvir duas vezes os coldplay, mas enfim... :) )
comeu tintendo...
eu também passo a vida a cantarolar os instrumentais experimentais da bjork e adoro o espaço disney ao domingo à tarde na sic.
Mas morro de amores por um e não por outro, claro.
Ouço a antena 3 e antena 2, adoro as entrevistas (com saudades) da ana sousa dias e às vezes vejo os commentários do provedor para a comuicação social.
Tiro fotografias à minha filha e a elementos arquitectónicos assim como almoço na pousada de Sta Maria de Bouro e janto em Castelões na tasca do senhor Raul.
e neste natal desafio-te a mais um moscatel com bananas e uma sessão de cinema de culto nos cinemas avenida...
abraço
Bem, eu não diria melhor...Espelhaste exactamente ideias que me saltam ao pensamento vezes sem conta...Viva a ignorância??
Bj,
Nuska
afinal, não sou um alien..
nuno, este ano não há natal para ninguém, mas passamos lá no dia 13.
quanto aos filmes, em casa é que sabe bem! convida-me! eheh.
"Nuno, convida-me"? Mau Maria.
Nuno, convida-NOS!! O Bando leva o vinho.
Uau!...
este Ivan é o terrível. Excelente post.
Este comentário foi removido pelo autor.
grande momento de lucidez!!! quanto a mim também nunca percebi muito bem o que é isso de ser alternativo. É mais uma fachada! Ouço o que gosto, vejo o que me faz feliz, leio o que me agarra e ouço aquilo que consegue apaixonar os meus tímpanos ... e gosto muito muito de roupa! Logo, como tenho a debilidade do fútil não posso ser indie.
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