10.4.09

a merda da angústia da indefinição, a dor de cabeça latejante que precede a queda da alma no chão limpo pela chuva de raiva, ficando tudo na mesma, enquanto que o senhor adolfo da tabacaria vê o tempo mais devagar, vê-me os passos, repara em todo o sofrimento auto-infligido dos clientes de circunstância que lá vão comprar mais um pedaço de cancro e duas linhas de tempo no jornal.

queria uma história já escrita, tenho preguiça de pensar em mim. ai este esforço inglório de me contar, não me sei contar, sempre fui uma vírgula ou um ponto de exclamação... ver-me tomar forma em palavras cuspidas continua a ser um exercício do qual fujo. que venha um tolstoi e faça de mim um novo ivan ilich, estou cansado de me escrever, escrevam a minha vida por mim.